No encontro anual da ASCO (American Society of Clinical Oncology), em junho deste ano, foram apresentados os principais trabalhos em andamento. Muitos deles ainda não foram publicados, mas refletem o caminhar do conhecimento em oncologia do mundo.
De todos os trabalhos apresentados, cinco foram considerados os de maior impacto.Dois eram em oncologia pediátrica, um em GIST (um tipo raro de tumor) e dois em melanoma.
Estes últimos foram os que chamaram mais a atenção de todos, porque podem significar um novo tratamento padrão para melanoma.
Até hoje não havia nenhuma terapia que fosse eficaz contra essa doença - é usada nos pacientes com melanoma metastatico uma droga chamada dacarbazina, desenvolvida na década de 70, e que em 5 a 10% dos pacientes conseguia fazer os tumores encolherem, e mesmo assim por um curto espaço de tempo. Nunca se demonstrou um aumento na expectativa de vida dos pacientes.
O primeiro estudo trouxe os resultados mais impressionantes, e comparou o uso de dacarbazina versus o de uma droga de alvo molecular chamada vemurafenibe. Essa droga age em uma mutação de uma proteína chamada BRAF. Essa mutação ocorre em cerca de metade dos casos de melanoma. O estudo:
- avaliou 675 pacientes (todos com mutação do BRAF) de 103 centros de todo o mundo
- dividiu de forma aleatorizada os pacientes em dois grupos, para receber dacarbazina ou vemurafenibe
- mostrou que o grupo que recebeu vemurafenibe teve 74% de reducao do risco de progressao da doenca, mas principalmente 63% de redução do risco de morte
- 5% dos pacientes que receberam dacarbazina tiveram redução do volume de doença, em contraste aos que receberam vemurafenibe, em que essa taxa foi de 48%
Desta forma, há uma nova esperança para pacientes com melanoma metastatico. A detecção da mutação pode ser feita em laboratórios especializados, existentes no Brasil, e esperamos que o registro do medicamento para uso no Brasil e em todo mundo seja feita de forma rápida.
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
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